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Recentemente, Stephen Schneck, presidente da Comissão dos EUA para a Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF), professor aposentado e ex-reitor da Universidade Católica da América, conhecido por seu compromisso com a justiça social na vida pública, comentou sobre as mudanças políticas decorrentes da transição para uma nova administração, que, segundo ele, certamente afetarão a liberdade religiosa internacional.
“Isso incluiu a suspensão ou o cancelamento de programas especificamente financiados pelo Congresso para iniciativas relacionadas à Lei de Liberdade Religiosa Internacional (IRFA), como o apoio emergencial às vítimas de perseguição religiosa”, afirmou Schneck, que também foi membro do Conselho Consultivo da Casa Branca para Parcerias Religiosas e de Bairro durante o governo Obama.Ele destacou a interrupção dos programas de reassentamento de refugiados que fogem de perseguições religiosas em seus países de origem. Schneck lembrou ainda a importância da Lei de Liberdade Religiosa Internacional de 1998, que exige uma “abordagem holística” para lidar com essa questão no exterior.
“Essa legislação determina que a liberdade religiosa deve ser um componente não apenas da diplomacia bilateral e multilateral dos EUA, mas também da assistência externa, dos intercâmbios culturais e dos programas de transmissão internacional dos EUA”, explicou Schneck, que concluiu: “Com essas questões em mente, a USCIRF incentiva o novo governo de Donald J. Trump a manter ou até aumentar seu compromisso com a promoção da liberdade religiosa internacional, como ficou evidente durante seu primeiro mandato.”
Cruz ressalta que os EUA são um dos principais financiadores de projetos humanitários que promovem direitos ligados à fé no mundo, o que torna preocupante a forma como essas iniciativas serão implementadas. Além disso, existe a expectativa de como serão conduzidos os cancelamentos ou a suspensão desses programas, assim como os direitos humanos nos países beneficiados.
Por fim, Marco Cruz afirma que a liberdade de crença e culto deve ser garantida a todas as religiões, conforme estabelecido no artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. No entanto, ele observa que, na maioria dos países muçulmanos onde a Portas Abertas atua em apoio aos cristãos perseguidos, a comunidade cristã enfrenta perseguição, pressão e violência, sendo muitas vezes tratada como cidadã de segunda classe e acusada de traição por não seguir a fé dominante. “Nesses países, também deve ser garantida a equidade de direitos para todas as religiões, incluindo os cristãos.”
O pastor Amauri Oliveira, presidente da Agência Presbiteriana de Missões Transculturais, destaca que a política de Trump tem impacto significativo na questão da liberdade religiosa no mundo, especialmente considerando que o cristianismo, apesar de ser a maior religião global, é uma das menos toleradas. Ele também considera que uma grande parte dos países com regimes comunistas, como a China, além de cerca de 50 nações de maioria islâmica, enfrenta desafios.
O teólogo Magno Paganelli, que realizou pesquisa de pós-doutorado sobre a relação entre liberdade religiosa e política, destaca que, embora a política de Trump possa gerar efeitos, ela não deve impactar de forma significativa o cenário religioso em regiões específicas do mundo. “A liberdade religiosa pode, de fato, sofrer alterações devido a políticas, mas esses efeitos ocorrerão a médio e longo prazo. Assim, a política precisará se ajustar às diretrizes religiosas”, afirmaEle explica que a religião é muito mais inflexível do que a política, pois seus dogmas levam anos ou até décadas para serem ajustados ou modificados, enquanto a política pode mudar a cada quatro anos, com novos mandatos. “O sentimento religioso está mais presente entre a população do que o engajamento político”, conclui.
Ele enfatiza ainda que não pode deixar de mencionar que o Brasil, hoje, precisaria ser incluído entre os países que promovem a perseguição religiosa e de restrição à consciência e pensamento. Para justificar, ele cita “os processos de censura que estamos vendo a cada dia crescerem.”