Quem nunca ouviu falar da Cristolândia? O projeto da Junta de Missões Nacionais da Igreja Batista há muito tempo se tornou uma ação respeitada pelo trabalho de recuperação do indivíduo marginalizado e destruído pelas drogas. O programa de ressocialização teve início em São Paulo há cerca de 15 anos e está bem consolidado. O que tem chamado a atenção é a contribuição da música nesse processo.
Em São Paulo, o coral é formado por mais de 130 ex-dependentes de crack. Em outras localidades, as orquestras ligadas ao projeto também estão se destacando e revelando a influência musical na salvação de vidas.Na porta de entrada da Cristolândia, os que são atendidos recebem serviços básicos como banho, refeição e distribuição de roupas. Os que aceitam participar são encaminhados à primeira fase do programa, para desintoxicação. Na segunda parte, recebem formação profissionalizante e encaminhamento ao mercado de trabalho. Só mais para frente as atividades musicais são introduzidas, contribuindo com a transformação dos que foram acolhidos e resgatados das drogas.
O Ministério Sons da Missão foi criado com a finalidade de apoiar o processo terapêutico da Cristolândia. E tem dado certo. Junior Silva, 50, entrou para o programa sem esperança, mas ao pedir socorro a Jesus e aceitar fazer parte tudo mudou. Ele já está no final da ressocialização e integra o Ministério.
“Eu coquei toda a minha insegurança e ansiedade aos pés de Cristo e por meio da música pude trabalhar muitos outros aspectos em minha vida. Aprendi que quando fazemos tudo com humildade, paciência, dedicação e amor há mais resultados”.
O programa de recuperação tem duração de 24 meses. As aulas de violino, violoncelo e canto coral tiveram início mais recentemente e vem contribuído para a formação musical, cultural e humana dos acolhidos. A ideia é fortalecer os vínculos e a ressocialização por meio da atuação na orquestra, que, segundo os responsáveis, vem se apresentando e testemunhando em igrejas de diversos estados e em outros locais quando convidada.
Os dados mais recentes sobre drogas no Brasil registram cerca de 400 mil atendimentos pelo Sistema Único de Saúde de pessoas com transtornos mentais devido ao uso regular de drogas e álcool. Com base nessa realidade e a visão de resgatar homens e mulheres do vício, reinserindo-os socialmente, a Cristolândia se expandiu e atualmente presta assistência por todo o país.
Hoje funcionam unidades em diversos estados. Só a do Rio de Janeiro, instalada próxima à Central do Brasil, atende mais de cem pessoas diariamente, indo além dos envolvidos com o crack e alcançando outras pessoas que também se encontram em situação de vulnerabilidade social.