O preço da carne bovina registra alta acumulada em 2024, com reajustes significativos em cortes populares. Entre os que mais subiram nos últimos 12 meses estão o patinho (19,63%), acém (18,33%), peito (17%) e lagarto (16,91%). O único corte que ficou mais barato foi o fígado, com redução de 3,61%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mês de novembro, o aumento médio foi de 15,43%.Com o encarecimento do produto, consumidores relatam dificuldade para manter a carne no cardápio diário sem comprometer o orçamento. O empresário Nedir Mazoneto afirmou que tem adaptado as compras para equilibrar as finanças. “A gente sempre precisa ter acompanhamento, então eu me programo. Durante o mês, passo no açougue, faço uma compra e deixo reservada uma porção diária, mesmo tendo aumentado quase 10%“.
O proprietário de um açougue em Três Lagoas, Adenilson Rodrigues, destacou como os preços elevados têm impactado as vendas, especialmente no período de fim de ano. “A carne subiu muito. Teve semana que tivemos que mudar a tabela duas, três vezes, porque precisamos acompanhar o preço da arroba do boi. Quando o preço sobe muito, o pessoal acaba se afastando, aí dá uma baixada no movimento. A gente já se prepara porque sabe que todo ano é assim. Chega no final do ano, o preço da carne aumenta, não tem jeito. Então, vamos nos organizando para que, nos dias próximos às festas, a carne esteja com um preço mais acessível, e o pessoal possa fazer seu churrasco com uma carne que caiba no orçamento“.Especialistas apontam que o preço da carne deve continuar subindo em 2025, com possibilidade de alta até 2026.
O economista Eduardo Matos explica que o aumento do preço da carne bovina é consequência de problemas climáticos e ambientais. “O aumento do se deve, em grande parte, a problemas como as queimadas, especialmente no Pantanal, que afetou principalmente as regiões Norte e Central do Estado. Isso resultou na queda da produtividade e, além disso, o alimento a pasto se tornou mais escasso, tornando o custo de alimentação dos animais mais oneroso para os produtores”.Eduardo avalia que, enquanto o Brasil continua como maior exportador mundial de carne bovina, o mercado interno enfrenta dificuldades devido aos sucessivos recordes de vendas internacionais. “Devemos lembrar que estamos em um momento de alta do dólar, e a carne bovina é uma commodity amplamente exportada pelo Brasil“, explica.
Diante desse cenário, especialistas recomendam planejamento na hora das compras, priorizando cortes mais acessíveis e diversificando as fontes de proteína. O consumo consciente pode ajudar a manter refeições equilibradas e reduzir o impacto no bolso.